Cada sociedade tem seu conjunto único de prioridades de consumo que se molda com base em sua cultura, economia e circunstâncias externas.
No Brasil, um país rico em diversidade e desigualdade econômica, esses gastos são influenciados por uma combinação de tradições regionais, necessidades básicas e eventos globais.
Recentemente, a pandemia atuou como um catalisador que mudou diversos hábitos, forçando as famílias a reavaliar e reestruturar seus orçamentos.
Mas, ao mergulharmos nesses padrões de gastos, quais histórias eles nos contam sobre as prioridades e desafios do nosso povo?
Acompanhe!
4 maiores gastos dos brasileiros
Alimentação e Combustível: A Ascensão dos Essenciais
O peso da alimentação e do combustível no orçamento doméstico tornou-se mais evidente nos últimos tempos.
As recentes oscilações econômicas, agravadas pela pandemia, levaram a aumentos significativos nos preços de itens alimentares básicos, diminuindo a poupança das pessoas.
Não é apenas uma questão de comprar alimentos.
Mas de acessar itens básicos como arroz, feijão, carnes, leite e ovo, que viram seus preços dispararem, pressionando principalmente as famílias com menor poder aquisitivo.
Da mesma forma, os combustíveis não ficaram para trás.
A interação entre a inflação, a paridade dos preços dos combustíveis com o mercado internacional e outros fatores macroeconômicos fez com que abastecer o carro ou utilizar outros meios de transporte movidos a combustível se tornasse uma atividade cara.
E enquanto esses gastos essenciais aumentavam, um estudo revelador da Elo apontou que a grande maioria destas transações ainda ocorre em ambientes físicos.
Destacando a contínua relevância do comércio local.
Com isso, para muitos, o cartão alimentação tornou-se uma ferramenta essencial para gerenciar esses gastos.
Assim, a busca por empregos que oferecem vale refeição e vale alimentação passou a ser uma prioridade para os brasileiros.
Habitação
A habitação sempre foi uma prioridade para muitos, mas com a pandemia, ela foi reposicionada na lista de importância para muitos brasileiros.
Com mais tempo passado em casa, a busca por conforto, segurança e funcionalidade intensificou-se.
Esta busca não se limitou apenas a encontrar um espaço para chamar de seu, mas também à reinvenção dos espaços já existentes.
Durante o período de isolamento, muitas pessoas perceberam a necessidade de criar espaços multifuncionais em suas casas.
Um local que pudesse servir tanto para o trabalho quanto para o lazer.
Isso resultou em um aumento significativo de gastos com reformas e melhorias residenciais.
Conforme o estudo da Elo, em dezembro de 2020, os gastos com reformas eram 55% maiores que em janeiro do mesmo ano.
Mesmo com uma leve acomodação em 2021, o setor experimentou crescimento novamente entre dezembro de 2021 e dezembro de 2022, com um aumento de 5%.
O interessante é que, enquanto pessoas de maior renda ampliaram seus gastos em até 33% em produtos e serviços relacionados a reformas,.
Com média de gastos em torno de R$ 504,00, a faixa de renda mais baixa reduziu o gasto médio em 18%.
Isso aponta para a discrepância de poder de compra e a adaptabilidade das famílias brasileiras em diferentes faixas de renda.
Transporte: A necessidade de movimento
Quando pensamos em transporte, é fácil associar o tema apenas ao combustível. No entanto, o panorama é mais amplo.
Em um país de dimensões continentais como o Brasil, movimentar-se é uma necessidade básica.
Seja para ir ao trabalho, à escola ou para visitar a família, o transporte tem um papel crucial na vida diária dos brasileiros.
A disparada dos preços dos combustíveis trouxe consigo um desafio extra para os brasileiros que dependem do transporte individual.
No entanto, aqueles que buscaram alternativas no transporte público não encontraram alívio, já que as tarifas também têm aumentado devido a diversos fatores.
Incluindo a alta no preço do combustível e os custos operacionais.
Por outro lado, a retomada do setor de turismo e viagens é uma narrativa à parte.
Apesar do encarecimento em áreas como transporte e passagens, potencialmente devido a fatores como câmbio e inflação, houve uma forte retomada no consumo.
Com um aumento de 48% em compras efetivadas.
Mais do que isso, há um indicativo de que os consumidores estão dispostos a pagar mais para “viajar um pouco mais”, sugerindo um anseio reprimido durante os meses mais restritivos da pandemia.
Esse ressurgimento foi liderado principalmente por aqueles com maior poder aquisitivo, com um crescimento de 91% nos últimos 12 meses.
Isso não apenas ressalta a desigualdade na capacidade de resposta à crise, mas também indica uma tendência de gastos postergados.
E que agora estão sendo realizados conforme a vida começa a retornar ao “normal”.
Outros gastos relevantes das famílias brasileiras
A pandemia e as subsequentes restrições levaram a uma aceleração na digitalização dos hábitos de consumo.
A preferência pelo e-commerce cresceu consideravelmente, mesmo entre os segmentos de menor renda.
E com a popularização do PIX como método de pagamento, muitos consumidores encontraram uma forma rápida e eficiente de gerenciar seus gastos.
Contudo, é interessante notar que setores tradicionalmente associados ao comércio presencial estão migrando para o ambiente online.
Sinalizando uma transformação nas preferências e conveniências dos consumidores.
Ao analisar os gastos dos brasileiros, descobrimos não apenas números, mas também histórias sobre desafios, resiliência e adaptação.
Em meio a oscilações econômicas com menores investimentos financeiros e mudanças globais, o povo brasileiro busca maneiras de equilibrar necessidades, desejos e realidades.
Isso enquanto navega em um cenário de consumo em constante evolução.
Essas tendências, embora moldadas por circunstâncias externas, são um testemunho da capacidade do país de se adaptar e se reinventar.